DOIS EXTREMOS
UM ÓTIMO E OUTRO PÉSSIMO


[Coluna 1]

Depois de um longo período de indecisão,
de sombras, de demarches, de lusco-fusco das
dúvidas, chegamos, finalmente, à claridade de
posições definidas na batalha para a sucessão
estadual: − Lomanto Junior e Waldir Pires.
Lomanto – o mais extraordinário admi-
nistrador que o interior da Bahia já conheceu.
O Prefeito com P maiúsculo, de Jequié. O ser-
tanejo que tem paixão pelo sertão, o interiorano
que tem mania de fazer bem ao interior: o ho-
mem do município que ama apaixonadamente
a todos os municípios, o candidato dos serta-
nejos, o candidato dos trabalhadores, o candi-
dato de Manuel Novaes, esse grande deputado
que tem motivos de gratidão em todos os mu-
nicipios da Bahia: porque não há município nesta
terra que não tenha algum sinal de sua pre-
sença, algum beneficio de sua dedicação inexce-
dível. Waldir Pires – o homem que vendeu 150
quilômetros de território de Alto-
Bonito e Séde de Mundo-Novo, por votos piri-
tibanos. Candidato de Balbino e que seria, no
governo, se a Bahia tivesse a infelicidade de
ve-lo eleito, um continuador do governo de Bal-
bino, o pior governo que já existiu para o in-
terior bahiano. Waldir Pires – típico represen-
tante da bahcarelice talentosa, brilhante e inútil,
Balbino 2a. edição aumentada e piorada.
É de se esperar que o pessedista Osvaldo
Vitória e o pessedita Dilton Jacobina saibam
colocar o sentimento de honra mundonovense,
de brios de nossa gente, acima de quaisquer
conveniência de ordem partidária, não dando
apôio dedicado, não fazendo esforços em favor
do inescrupuloso demagôgo que invadiu nossos
distritos vendendo deslavadamente pedaços de
nosso chão por votos piritibanos.
Osvaldo Vitória é quem bem sabe o que
foi o governo Balbino, governo que passou o
calote nos municipios do interior, em favor de
obras de fachada na Capital. As verbas e dívi-
das estaduais a Mundo-Novo foram totalmente
caloteadas pelo governo Balbino. Totalmente.
Osvaldo Vitória que o diga, êle é quem bem
sabe: porque sofreu, como prefeito, aperturas,
dificuldades, angústias e toda sorte de danos
decorrentes dos calotes do governo Balbino.


[Coluna 2]

Não creio, pois que Osvaldo Vitória se empe-
nhe a fundo por votação no candidato de Balbi-
no, na 2a. edição de Balbino, 2a. edição aumen-
tada e piorada.
Nas eleições passadas, os comícios de Dr.
Vieira de Melo tinham início, nas sédes dos
municipios do interior, com uma pergunta diri-
gida às populações interioranas, assim: "QUE
FOI QUE O GOVERNO BALBINO REALIZOU
NÊSTE MUNICIPIO?" E a resposta invariáve[l]
e unânime, era: "NADA!".
Agora o Dr. Vieira de Melo está a favôr
de um candidato de Balbino, igual ou pior do
que Balbino! Louvado seja Deus!".
Mundonovenses! Estamos em face de dois
candidatos que são dois extremos: um ótimo e um
péssimo. Não sejamos burros votando no péssi-
mo, repudiado por esmagadoras maiorias de nos-
sos irmãos sertanejos, candidato já antecipada
e amplamente derrotado. Não votemos no pés-
simo derrotado. Votemos no ótimo e vitorioso
Lomanto Junior. Candidato que na Bahia, conta
com o apôio do trio UDN – PTB – PR, é can-
didato vitorioso, é candidato invencivel, ainda
mais quando o candidado é ótimo como Lo-
manto. E alem do trio citado existe o apôio de
outros partidos e mais: o enorme e irrestive
entusiasmo das populações sertanejas pelo can-
didato sertanejo, seu candidato, nosso candidato.
Voltar em Waldir, pois, é votar no pior, é
votar no derrotado, é pegar em asa de caixão
de defunto e de defunto “runhe”.
Para bajular os vermelhos, Waldir fez de-
clarações contra a Igreja, esquecido, como se
não fosse inteligente, de que o povo da Bahia
é devoto de Deus do Bonfim e não do diabo
de Moscou,
Mundonovenses! Mostremos que temos ver-
gonha na cara não votando no vendedor de pe-
daços de nosso torrão, negando nosso apoio ao
péssimo, ao derrotado candidato dos entreguis-
tas que pretendem entregar a nossa Pátria ao
dominio ateu e sanguinário do imperialismo russo.

Mundo Novo, 25-7-1962.

Eulálio Motta.

A folha mede 210 x 305 mm, o papel é de alta gramatura e baixa lisura. A acidez provocou o desgaste, principalmente na borda inferior. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis. O layout é bem estruturado com colunas paralelas, destaque especial para o título e subtítulo (aplicação de técnicas de paginação de jornal). Há espaçamento maior entre os parágrafos, embora irregulares, esses espaços tornam o texto visualmente agradável. Foram utilizados tipos e tamanhos variados de letras de modo harmônico e criativo. O tipógrafo não estabeleceu um padrão para as aspas, utilizando aspas francesas e inglesas. Foram preservados dois exemplares desse panfleto, no acervo do escritor.