RECORDAÇÃO DE MONTE ALEGRE


Monte da Santa Cruz do Monte Alegre!
Contemplo-te de longe...
com uma vontade enorme
de te ver de perto,
para recordações:
de quando te vi
pela primeira vez,
há mais de meio século,
em uma sexta-feira da Paixão...


Penso na tua imutabilidade:
és o mesmo monte,
com as mesmas pedras
e curvas do caminho...
com aquele mesmo “abismo das alturas...”
aquela mesma paisagem deslumbrante...
aquela mesma beleza de horizonte...


Todavia,
como tudo mudou, Monte Alegre querido!
até teu nome (2)
que não lembra mais o teu monte,
que não faz lembrar teus peregrinos
nas tuas sextas-feiras da Paixão

Recordar, às vezes, é bem triste...
gente querida que se conheceu
e que já não existe...
Cel. Olegário Mascarenhas,
a bondade em pessoa.
D. Glafira – anjo em foram de mulher...
E aquele encanto de menina
que era Ivete
e que foi embora tão depressa!

Ponto final em tal recordação...
Antes que venha à tona
uma ilusão
que se tornaria
meu tormento...
minha loucura...
minha obsessão...


EULÁLIO MOTTA

DO LIVRO: “Luzes do Crepúsculo”, inédito.
A SAIR EM “Canções do meu caminho”, 2ª edição.

(1) “Não seja modesto, sua poesia é da melhor qualidade, apenas você a
escondeu de todos,” - Jorge Amado.

(2) Nome atual de Monte Alegre, no âmbito federal – Mairí por lei da
Assembléia Estadual, voltou o nome de Monte Alegre. Ficou, assim, a
cidade com dois nomes: na burocracia e na boca do povo. Na papeleta
federal – Mairí, que pouca gente sabe o que significa. Na papeleta esta-
dual – Monte Alegre, que todo mundo sobre o que é. (Monte Alegre da
Bahia).

A folha mede 160 milímetros de largura por 260 milímetros de altura. O papel é de baixa gramatura e alta lisura, e se encontra amarelado. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis. O layout é simples sem muitas variações de tamanho e tipo de fonte. A mancha escrita está envolvida numa moldura. Foram preservados vinte e seis exemplares desse panfleto.