FIM DE PAPO



Um adversário amigo, merecedor de minha consideração, me expressou seu inconfor-
mismo com o folheto “Farinha do mesmo saco,” considerando-o “muito pesado”, Vejamos o
seguinte tópico do folheto: - “Deus abençoe o nosso Mundo Novo, dando, a todos nós consci-
ência de responsabilidade, reseitando os nossos adversário.”s
Muito pesado?! Louvado seja Deus! Muito pesado, amigo, é o regime a que se refere
mensagem assinada por homens eminentes e não por um “mero escriba da roça”. Vejamos a
mensagem, apenas parcialmente por motivo de espaço:
─ “A Associação Bahiana de Medicina,” “Sindicato de Médicos da Bahia” e a
“Associação Médica Brasileira,” levam ao conhecimento dos Médicos e da população de Mundo
Novo, seu repúdio à forma brutal e descriminatória com que foram demitidos de seus cargos
e punidos os médicos Cleverson Barbosa, Raimundo Costa e Wilson Murici, de revelantes ser-
voços prestados a essa comunidade, atingida injustamente pelo fato de serem candidatos a lide-
ranças do partido da oposição.
“As entidades médicas não aceitam estas punições ditadas por um regime autoritário
e já encaminharam oficialmente denúncia à Ordem dos advogados do Brasil, protestando com-
tra mais esta violação dos direitos de cidadania dos médicos.” (Mensagem assinada por: Dr. José
Ciquiera, Presidente da Associação Bahiana de Medicina; Dr. Antônio do Vale, Presidente do
Sindicato dos Médicos da Bahia; e pelo Dr. Luiz Barreto Pinheiro, Presidente da Associação
Médica Brasileira.)

X - X


Amigo: você me censura pelo fato de estar em trincheira onde estão antigos adver-
sários. Lembro-lhe que neste regime de partidos sem doutrinas tais fatos são comuns. Um
exemplo? Aí está: - na campanha eleitoral passada Neri ficou com o Dr. Roberto Santos,
contra o Dr. Antônio Carlos. Agora está com o Dr. Antônio Carlos contra o Dr. Roberto
Santos.

X - X


Antes de terminar a redação desta crônica, recebi o seu apêlo: - Para eu “deixar de
publicar tais crônicas, afim de evitar grandes aborrecimentos.” Estranhei tal apêlo uma vez
que em minhas crônicas não há ofensas pessoais a ninguém. Tenho, graças a Deus, consci-
ência do dever de respeitar a pessoa do próximo, inclusive, é claro, do adversário. Porque
aprendi em Tomás de Aquino, o que significado Pessoa Humana; Eis porque não me falta digni-
dade para assinar o que escrevo.
Pareceu-me, seu apêlo, um pedido para eu deixar de fazer publicações de propagan-
Deixar de publicar minhas crônicas é fácil: é só não as remeter às gráficas. Mas
deixar de fazer propaganda do candidato do povo, não é fácil nem difícil, é impossível.
É claro que não vou cometer a tolice de prometer não publicar mais tais crônicas.
O máximo que posso prometer é da férias à minha pena, podendo o período de férias ser
longo ou breve, dependendo isto mais de vocês do que de mim.
Mas, antes que minha pena entre em férias, quero fazer um pronunciamento neces-
sário: - Apesar das explorações da sórdida politicagem local, o Dr. Antônio Carlos continua
ocupando grande espaço na minha admiração e na minha gratidão mundonovense.


FIM DE PAPO...
Mundo Novo (Ba), 1.º de julho de 1982
EULÁLIO MOTTA

A folha mede 190 milímetros de largura por 320 milímetros de altura. O papel é de baixa gramatura, alta lisura e se encontra amarelado. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis. O layout é simples e há uma moldura em volta da mancha escrita. As linhas são longas e não há espaço especial entre os parágrafos. Foram preservados cinco exemplares desse panfleto.