NO ANO 12 DA REVOLUÇÃO


Achava que o décimo segundo ano da Revolução passaria sem registro em
meu caderno de crônicas, neste “Diário de um João Ninguem.” Porque estava
curtindo decepções: um Senador da Arena, falando a universitários bahianos suge-
riu que os mesmos desfraldassem “a bandeira da liberdade irrestrita” (sic!) Para mim
“liberdade irrestrita” é anarquia. Outro senador, tambem da Arena, apela-
ra para a oposição no sentido de fazer uma frente única contra o Ato Institucional
nº. 5. Para mim, isto significa: contra a Revolução. Pouco tempo depois dois de-
putados federais do MDB botavam falação em uma cidade gaucha atacado o go-
verno inatacável do Presidente Ernesto Geisel e os gloriosas e tambem de pronuncia-
rem palavras de exaltação ao comunista Leonel Brizola. Comentei com amigos: o
que esses dois deputados federais do MDB fizeram foi, nada mais, nada menos, do
que pôr em prática a pregação daqueles dois senadores da Arena. E lhes dizia: o
que aquêles senadores da Arena e aquêles deputados federais do MDB estão fazendo
é desafiar a Revolução, provocar a Revolução. E se a Revolução não responder à
altura, as raposas comuno-liberais voltarão a tomar conta deste País, retornando
todas as greves e bagunças que levaram o Brasil à ruína quase total nos anos que
precederam o 31 de março de 1964 Estava assim, num estado de espirito de desen-
canto, de decepção, de tristeza. Sem condições, portanto, de redigir qualquer comen-
tário sobre o décimo segundo aniversário da Revolução. E eis que, na noite de
29-3-976, a televisão me trouxe a notícia-bomba: cassação de mandatos e de direitos
políticos por dez anos dos deputados que cometeram aquêle atrevimento. Não!
A Revolução não está morta! Está viva e forte! Mais viva e mais forte, nesse 12º.
ano do que no ano primeiro! Graças a Deus! Lamento, entretanto, que homens
jovens e inteligentes como são esses dois deputados gauchos, se sacrifiquem, tão
infantilmente, por condenação ao que não é condenável. Envez de condenarem es-
ta revolução que tem feito tanto bem à Nação, deveriam ajudá-la, fazendo opo-
sição aos erros que porventura comentam homens da Revolução e não à Revolução.
Oposição construtiva, não agressiva, violenta, injusta, demagógica. Não lamento,
entretanto, a cassação que logo se seguiu à dos gauchos, do mandato e direitos po-
líticos do deputado fluminense. Porque este,, segundo noticiam os jornais, é um re-
presentante do comunismo internacional, cuja candidatura foi reprovada pelo pró-
prio governador emedebista do Rio de Janeiro.
Em 1962, comentando patifaria da política liberal em meu município, publi-
quei um folheto intitulado. “Assalto ao Poder”, no qual está escrito: “Só há um
jeito: ─ esperar... “Esperar a Revolução!” E dois anos depois ela chegava! E aí está co-
memorando o 12º. aniversário, viva e forte, não deixando sem resposta os desafios
de seus inimigos!
Presidente Ernesto Geisel, Deus lhe pague! Que Deus continue a iluminar e
abençoar seu grande governo, pelo bem do Brasil!
Mundo Novo, (Bahia), 5-4-976.
EULÁLIO MOTTA

A folha mede 165 milímetros de largura por 235 milímetros de altura. O papel é de baixa gramatura, alta lisura e se encontra amarelado. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis. O layout e simples, sem muitas variações de tipos e tamanhos de fontes, não há espaço especial entre parágrafos. Na linha 7, o tipógrafo utilizou uma fonte diferente para destacar duas palavras, alterando o alinhamento, mas, simetricamente, o texto está bem estruturado. Foram preservados nove exemplares desse panfleto.