NÃO É MANÉ FULORIANO...



Depois de passar alguns dias em Salvador, chego encontrando
a cidade sofrendo, mais uma vez, o suplício de Tântalo. Mais uma vez,
faltando água neste terra tão rica do precioso líquido! E, por coincidên-
cia, encontrei também a notinha de cobrança de água para os cofres da
Embasa! Enquanto os depósitos nos lares se esvaziam de água por quem não
recebe água... E enquanto as residências ficam secas, algumas ruas exibem
córregos de canos quebrados que não recebem concertos... Uma vergonha!
É como se Mundo Novo fosse cão sem dono, terra de ninguém! E para
completar nossos tormentos, estamos ficando sem os bons programas ma-
tinais da TV aos domingos. Porque a Coelba acha que todo domingo, com
raras exceções, a energia deve ser desligada às 5 da manhã, voltando
somente, às 6 da tarde. Não temos praia, como não temos futebol, nem
cinemas, {nem piscinas} nem parques, só nos resta uma televisão deficiente
e mesmo esta, aos domingos a Coelba não deixa! Louvado seja Deus!
É lamentável a omissão dos poderes municipais sobre o assunto.
Talvez aleguem que o problema não é da Prefeitura, é da Embasa. Mas
se a embasa não cumpre a sua obrigação de fornecer água a quem paga
água, a população sofre, e sofre cada vez mais. E, assim o problema se
torna da Prefeitura. Porque é obrigação do Sr. Prefeito, evitar sofrimentos
evitáveis à população.
Se o Sr. Prefeito Municipal já tivesse utilizado o seu pres-
tígio junto às autoridades superiores, para combater o descaso ou
incompetência da Embasa, no serviço de água local, talvez este sofri-
mento da família mundonovense já tivesse chegado ao fim. E talvez
a promessa de barragem do Engenho já tivesse deixado de ser pro-
messa, de ser farsa.
Será preciso se apelar para o futuro Prefeito? Mas... quem é
êle? Como é o nome dêle? Não sei. Só sei que não é “Mané
Fuloriano...” No dia 15 de novembro de 1982, pela boca das urnas, o
povo vai dizer o nome dêle... Não é Mané Fuloriano...


Mundo Novo – Ba. 25/11/81 - Eulálio Motta

A folha mede 150 milímetros de largura por 214 milímetros de altura. O papel é de baixa gramatura, alta lisura e sua cor original é amarela claro, embora se encontre um pouco escurecida. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis, em tinta azul. O layout é simples, sem muita variação de tipos e tamanhos de fontes. Há emenda autógrafa na linha 16. Foram preservados dezenove exemplares desse panfleto.